A UE e a Inovação
Os altos salários em vigor na Europa Ocidental são cada vez mais difíceis de manter face à concorrência de países como a China, Índia e Brasil, onde até já existem numerosas tecnologias avançadas ao serviço das suas indústrias.
Para quem, como nós, teve oportunidade de presenciar a evolução da indústria japonesa do pós-guerra, da má qualidade para a revolução da qualidade, a situação parece repetir-se, mas agora numa escala bem diferente, com aquelas grandes potências a liderar.
A inovação, aliada a novas competências, aparece naturalmente como a melhor solução, e porventura a única em termos sustentáveis, para criar os produtos e serviços de elevado valor acrescentado que permitam manter e melhorar o nível de vida dos cidadãos e cidadãs da UE.
Na sequência das decisões do Conselho Europeu de Lisboa de Março de 2000 (converter a Europa na economia, baseada no conhecimento, mais dinâmica e competitiva do mundo no ano 2010) e do Conselho da Primavera de 2003 da CE (proposta para a implantação do Programa Quadro para a Competitividade e a Inovação) a própria UE tem vindo a implementar uma política de inovação que se traduz em ajudar as empresas a terem um melhor desempenho e a contribuírem para mais amplos objectivos sociais tais como crescimento, empregos e sustentabilidade. Para tal, criou o European Institute of Innovation and Technology, em cuja comissão directiva se encontra o professor português João Caraça, com a missão de se tornar rapidamente um key driver do crescimento sustentado e da competitividade da UE mediante o estímulo de uma inovação que seja líder mundial.
Os principais drivers dessa política têm sido os seguintes:
- o conhecimento e transferência de tecnologia;
- o design e criatividade;
- a criação de clusters;
- a propriedade intelectual.
A UE tem ainda um organismo, o CORDIS (Community Research and Development Information Service) no âmbito do qual são desenvolvidos e financiados grande número de projectos europeus de I&D. Dependem do CORDIS os Framework Programmes (FP), estando actualmente em vigor o FP7, cujos objectivos são cooperação, ideias, pessoas e capacidades. Para cada tipo de objectivo existe um programa específico correspondente às áreas principais da política de investigação da UE e os/as candidatos/as potenciais são empresas públicas e privadas, investigadores/as, organizações e investigadores/as de países terceiros.
Eng.º Moitinho de Almeida
Janeiro de 2010